Esta publicação ocupa permanentemente o topo das postagens, no propósito de apresentar uma possÃvel introdução ao labirinto de CANTOS CORRENTES.
Para iniciar, elege o recurso retórico da negação, tal como no famoso quadro de Magritte:
"Ceci n´est pas une pipe"
(isto não é um cachimbo).
Dizer o que CANTOS CORRENTES não é.
No que caberia legendar:
"Ceci n´est pas un site"
(isto não é um site).
O que, por sua vez, desencadearia trazer à baila a retórica oposta, da afirmação. Declarar que
"CANTOS CORRENTES é uma obra".
Uma obra de arte. De artes cruzadas. De obras imbricadas entre si, todas emaranhadas em realidade e ficção.
Mas, diante da imagem da página de abertura (homepage) do site
(usa-se aqui termos consagrados da nomenclatura da comunicação em rede,
que se aplicam aqui apenas para fins de referência)
o texto tenderia  a gerar efeito semelhante ao viés oposto, o da negação.
Uma inconsistência conceitual.
Afinal, a função usual de um site é servir de veÃculo, componente midiático do processo de comunicação.
O espectador, na expectativa comum sobre a mÃdia, não teria qualquer alusão a uma obra de arte:
CANTOS CORRENTES não é romance, nem peça teatral ou filme, entre outros tipos de obras artÃsticas.
E o site não funciona como qualquer das mÃdias compatÃveis com as modalidades mencionadas:
não é livro, não é palco, não é cinema (nem canal de exibição de produções audiovisuais).
Parece preferÃvel, para não incorrer em tais incongruências, uma estratégia expositiva que vá formando uma percepção mais apurada de CANTOS CORRENTES a partir de uma abordagem progressiva de aspectos que, ao final, possam contribuir para caracterizar sua natureza constitutiva. Uma tipologia, talvez. Bem como, por extensão, justificar a aludida configuração de "não site".
O que leva à opção de começar pelo tÃtulo.
Por que CANTOS CORRENTES?
A expressão é um trocadilho com o tÃtulo de um dos livros tradicionais da escrituração contábil, o livro de Contas Correntes. Livro no qual são lançadas todas as transações que envolvem direitos e obrigações com terceiros.
A origem do trocadilho remonta a uma passagem doméstica na vida do autor, enquanto estudante de um curso técnico de contabilidade. Entre os aparatos mobilizados para o processo de aprendizagem, o curso contava com o funcionamento pedagógico de um escritório modelo de contabilidade. Os alunos recebiam, para a prática de lançamentos contábeis, exemplares dos diversos livros que serviam como cadernos de exercÃcios.
A passagem referida é o fato de que a mãe do autor, após o término do ano letivo, utilizou as páginas não preenchidas do livro de Cantos Correntes para transcrever letras de músicas, de canções do repertório da música popular brasileira.
Contas Correntes transmudou-se em Cantos Correntes.
A passagem é origem ainda de alguns aspectos basilares da temática que perpassa a obra Cantos Correntes. Que são abordados a partir de elementos da homepage do site, conforme antecipado.
O tÃtulo remete assim, primariamente, ao sistema de escrituração contábil das organizações, que registra todas as operações em livros apropriados, dos obrigatórios e principais aos auxiliares: Diário, Razão, Caixa, Contas Correntes e o antigo Borrador.
Mas o trocadilho, resultante de uma simples troca de posição de duas letras, remete ainda a um campo artÃstico que, de imediato, inclui a música. Campo que, diante da variedade semântica da palavra "cantos", estende-se para envolver a poesia e, por decorrência, outras literaturas, como as modalidades da prosa, os textos dialogados do teatro, e o roteiro cinematográfico.
É disso que trata o texto em itálico a seguir, inscrito na tela superior à esquerda da imagem, uma sinopse da trama ficcional de CANTOS CORRENTES.
Nos empoeirados livros contábeis
de uma antiga alfaiataria
auditores encontram registros
de estranhas transações
que por debaixo dos panos
transferem haveres de vultos
entre os incontáveis canais
de Cantos Correntes.
Ao tranmudar Contas Correntes em Cantos Correntes, a reconfiguração transforma um contexto técnico-teórico (os princÃpios que fundamentam a contabilidade e a respectiva escrituração)
em contexto artÃstico, envolvendo várias modalidades: música, poesia e textos de formatos diversos, artes gráficas e audiovisuais, teatrais e cênicas em geral. Tecidas e enredadas por uma trama ficcional imbricada com a realidade autobiográfica do autor.
Entretanto, tal vÃnculo, entre os traços ficcionais da trama de CANTOS CORRENTES e a biografia do autor, tende continuamente a uma imprecisão sobre o que é real na ficção e o que é ficção no real.
Uma confecção-cientÃfica autobiográfica,
quase uma fantástica sinfonia inconcluÃvel.
a busca de um formato a constante derivação de burla de protocolos.
das organizações, cujos assentos constituem o alvo de organizações atuariais, que exercem fiscalização em casos de suspeita de eventuais desvios de procedimentos, a serem apurados
Entre os aspectos da temática que são extraÃdos dessa alusão podem ser destacados:
a) a figura central de uma personagem, o Contador, também referido como Guarda-Livros, antiga denominação da profissão
b) pessoas e instituições (com ou sem fins lucrativos) clientes e/ou parceiras do escritório do Contador, bem como todas as pessoas e instituições que se envolvem, por alguma circunstância, com o Contador
c)
d) Cantos em vez de Contas
Sobre natureza e formato artÃsticos da obra
Afinal, então, que tipo de obra CANTOS CORRENTES é, ou pretende ser?
CANTOS CORRENTES: uma obra arquiteXto,
compêndio inex-fólio de e-pergaminhos,
para inexposições em CINE INÊS
Sobre os meios (mÃdias) de publicação da obra
O texto sentido de um enredo cruzado:
Assentos, Operadores e Extratos,
Obras, Interlocutores e Universos.
Um novo jogo da velha relação entre arte e vida:
o jogador que marca o cÃrculo lança a dicção do verbo que erra no princÃpio,
em 26 raÃzes alfabéticas de acesso à velha vila;
o jogar que marca o xis lança a ficção do livro de Faz-de-Contas-Correntes,
em 9 canais náuticos de acesso a novas vilas.