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Escolástica Rosa


Valsa-canção que emerge de uma realidade variante, onde o fio de ariADNe emenda com o fio da meada em que foi tecida A Escolástica Letra de Rosa, um extenso desfile de palavras, em metáforas adjetivadas, com as quais se canta a melodia da música escrita por Pixinguinha.


Mistério sobre a autoria do texto, creditada a Octávio de Souza, mecânico de profissão que teria submetido a letra ao músico, no ambiente de um botequim que ambos frequentavam. Autoria questionada por muitos, por se tratar de pessoa desconhecida dos círculos musicais e literários da época, e sem qualquer evidência adicional de trato literário.


Do encontro do fio rastreador com o fio do tear linguístico são revelados outros tecelãos, outros ambientes, outros tempos... e outra valsa-canção: Escolástica Rosa.





ESCOLÁSTICA ROSA


A.


Tu és

A rosa e a rosácea

A musa e a musácea

Do amor

A ímpar inocência

E a ímpia inclemência

Da dor


Tu és

Na fronde o esconderijo

Do pudor

Tu és

O gozo e o regozijo

Do humor

Tu és

Da dor o adorável

Do nome o inominável

Tu és


B.


Tu és

Tão bela como a rosa,

airosa,

da manhã

Tu és

Donzela, tão louçã

Oh donzela, tu és

A rosa airosa da manhã

A adorável flor,

Oh flor

Oh adorável flor do meu afã

Ah...

Tu és

És sonho que cultivo, és paixão malsã

Paixão

Paixão que me faz cativo do amanhã

Paixão tão malsã

Tão malsã

que me faz cativo

que me faz cativo, que me faz,

me faz cativo do amanhã


Tu és

Tu és oh doce Eva

És a flor primeva

Desta terra chã

Tão bela como a rosa, airosa, da manhã

Oh flor

Graciosa esperança vã

Oh flor

Deliciosa flor

Oh adorável flor,

Oh flor do meu afã


Vem dar-me o fruto que me enleva

Que me leva ao céu de ciã

Ao gesto original desta paixão malsã

Dá-me o fruto que me enleva,

que me leva

ao céu de ciã

A provar o gosto

O augusto gosto da maçã


C.


Perdão

À fala e à falácia

Ao mal de tanta audácia

Oh flor

És ente e és essência

O ardor e a dormência

Do amor.


Tu és

Na senda de um alvado

Roseiral

Tu és

A fenda do pecado

Original

Tu és

Tão olorosa e amena

Tal dolorosa pena

Tu és.







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