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Canções Fora de Tom


Ciclo de seis canções, escritas a partir de composições de Antônio Carlos Jobim, mais comumente referido como Tom Jobim.


Além de estabelecer essa conexão com o compositor, o título "Canções Fora de Tom" traz ainda implícita a intenção de ressaltar os conceitos e aspectos que caracterizam a derivação das canções do ciclo, em relação às composições de Jobim.


Inserida como metáfora, a expressão Fora de Tom embute não apenas a questão técnica da afinação, mas também outros elementos musicais, além de temas literários, conforme os textos escritos por Vinicius de Moraes, Chico Buarque e Newton Mendonça.


E, certamente, pode suscitar questões sobre autoria e autenticidade, a exemplo do que aconteceu com Jobim ao ser acusado, pelo crítico e historiador José Ramos Tinhorão, de plagiar o Noturno n. 4, do Opus 28, de Chopin, na canção Insensatez.



Em 1991, a convite da pianista Terão Chebl, compus Canção do Exílio Sem Palavras, uma peça "para piano solo e canto imaginário". Uma espécie de acompanhamento para a melodia de Sabiá (de Jobim e Chico Buarque), mas com a voz no exílio, ou seja, subtraindo o canto. Cenicamente, apenas um foco de luz sobre a estante do cantor ausente.


Em 2003, o pianista Antônio Eduardo disse que gostaria de incluir uma peça de minha autoria no seu projeto de interpretar composições inspiradas na Bossa Nova. A figura de Jobim me veio imediatamente à memória, associada a um breve depoimento meu para uma emissora local de televisão, por ocasião da morte do compositor. 




Para falar da importância de Jobim para a cultura musical, imaginei o Samba de Uma Nota Só (com letra de Newton Mendonça), cuja ideia engendra e se desdobra em muitas notas, como uma metáfora de um compositor que influencia e se projeta em muitos outros. E daí nasceu A Quem Quer Todas as Notas.

Então me dei conta de que se esboçava nessas composições uma unidade de referência a Tom Jobim, e acabou brotando a vontade de engendrar um conjunto de canções, no espírito do desdobramento a que aludi há pouco. A ideia foi se ramificando, e se encaixando numa visão temática mais ampla, de associação entre a ação polarizadora da tonalidade e a força gravitacional do universo.


Ao cabo de alguns anos, ela se cristalizou no conceito de um ciclo de canções, formado por seis peças. Além de Tom Jobim,  as canções fazem referências a seus parceiros Newton Mendonça, Chico Buarque e Vinicius de Moraes.


As canções apresentam-se no ciclo na sequência abaixo:


Desse conjunto, quatro canções são, na realidade, duas peças que se desdobram cada uma em duas concepções: a primeira e a quarta, e a segunda e a quinta. A terceira e a sexta conectam-se mais fortemente com o tema literário, e remetem a duas peças distintas de Jobim: Eu Sei que Vou te Amar (terceira) e Insensatez (sexta).


Esses vínculos internos justificam, a gosto dos intérpretes, dividir a apresentação do ciclo completo em duas partes, destacando os aspectos mencionados:


Parte I - as três primeiras canções

Parte 2 - as três canções restantes


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