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Audite Nova


Da janela panorâmica do Auditorium, seis canais da orla de Santos ao alcance da visão, em um vagaroso giro de cabeça. Há um sétimo, já sabia, que não se estende areia adentro. Desemboca diretamente nas águas, escondido sob a mureta do calçadão. Ficou ali um tempo sem conta, apreciando o que o burocrático mirante oferecia, enquanto aguardava pela chegada do Auditor-Mor.

- Muito tempo esperando? ecoou sua abruta entrada na sala.

- O tempo previsto.

Estendeu a mão em cumprimento, com polidez:

- Diante dessa paisagem, nem nos damos conta de que o tempo passa.

- Passatempo.

Aproximou-se, bem perto da janela, e olhou para baixo.

- Na verdade, talvez haja nessa paisagem algo de que não nos damos conta já há muito tempo.

- Como os cantos correntes do tempo?

Com um gesto rápido e decidido, apontou para o horizonte.

- Lá longe, além da baía, algumas milhas mar adentro.

Não fez esforço para qualquer comentário, pois antes que falasse o Auditor-Mor já se movia em direção à cabeceira da comprida mesa de reuniões, indicando o assento ao lado.

- Bem, vamos direto ao ponto. Os seus trabalhos foram requisitados para uma missão de sondagem que complete as informações destes autos.

Com um terceiro gesto, lançou sobre a mesa cópias tridimensionais de vários livros.

- Antes que comece a folheá-los, sugiro que se debruce primeiro sobre a natureza da controvertida figura que deve entrevistar. A um quarto gesto, em um ponto na parede oposta à janela, uma imagem começou a se desenhar, bem próximo ao teto. Quando a imagem se formou, Audite Nova tinha diante de si exatamente o que imaginara antes de entrar naquele recinto.



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