top of page

Zumzum Seeblick


Houve uma vez na cidade de Santos uma certa casa noturna de comes e bebes e danças. De cozinha alemã, música nem tanto. Era o Bier Stube, ou Bierstube, tudo junto, tu não lembra bem, não é? Bar de cerveja, barril de chopp, cervejaria, enfim. Um tipo de negócio importado da Europa central, com predominância no Brasil sulista.


Mas esse bierstube, de jeito mais tropical, ficava bem em frente à praia, quase esquina do Canal 3. Assim, sob o nome da casa, havia um adendo: Zum Seeblick. Com vista para o mar.


Mas havia também um zumzum. Corria

um papo de que era lugar para encontros e programas. Pegações. No ar, pairava um sussurro sobre o maduro público feminino, misto de reprovação e cobiça.


Mas pairavam também sobre o ambiente sons menos comprometedores: havia risos, falas e cantos, um misto de clima carnavalesco de marchinhas e estados etílicos avançados das polcas regadas a barris de chopp. Não era clima que te atraísse. E certamente também não de quem lá frequentasse. Uma presença ali poderia ser ocasional. Poderia ser a presença de uma ausência, alguém que ouvisse aqueles sons, que visse o ambiente e as pessoas como criptografias de uma realidade bem diversa.


Poderia ser a presença de uma ausência, alguém que ouvisse aqueles sons, que visse o ambiente e as pessoas como criptografias de uma realidade bem diversa.







Tu chegou a tomar contato direto com essa realidade, ignorando a outra, das conversas veladas. Essa segunda realidade, ao contrário, veio por si ao teu encontro. indiretamente. Por comentários e recomendações de cautela. Que que é isso, dando bandeira...?


Dar bandeira era estar ao lado de certa frequentadora do lugar, embora não habitual, que tu conheceu em espaço completamente diferente. Nada mais nada menos que uma secretaria, atrás de uma máquina de escrever. Datilografia de cartas, memorandos, relatórios.



Комментарии


bottom of page