Versão com parte coral da composição orquestral O TURISTA INCIDENTAL, agregando o texto Trem de Pouso.
TREM DE POUSO
(Gil Nuno Vaz)
Régua e compasso o Brasil me deu
Meu caminho eu traço eu mesmo faço o meu
Quem sabe de mim, quem sabe enfim sou eu
Régua e compasso o Brasil me deu
Pelo mundo afora eu chego e vou embora
Pode ser agora ou a qualquer hora
Brasil, ame-o ou deixe-o
Brasil, ame-o ou deixe-o
Brasil, Brasil, ame-o ou deixe-o
Brasil, Brasil, ame-o ou deixe-o
O Brasil, Brasil, ame-o ou deixe-o
O Brasil, Brasil, ame-o ou deixe-o
O Brasil, ame-o ou deixe-o
O Brasil, ame-o ou deixe-o
O Brasil
Compasso, régua,
Sem trégua, traço
O meu caminho, faço,
Em cada passo
Dessa linha, o desenho
Do lugar de onde venho:
Brasil que amo,
Brasil que deixo,
Brasil, Brasil, Brasil.
Régua e compasso o Brasil me deu
Meu caminho eu traço eu mesmo faço o meu
Quem me conheceu, jamais me esqueceu
Régua e compasso o Brasil me deu
Pelo mundo eu vôo
Nos céus de Paris
O Catorze-Bis
Venceu o Concorde
Rompeu num acorde
A barreira de sombra da Cidade-Luz
Bateu o recorde
De velocidade
E até aqui eu vim, eu vim
De Nova Iorque
No Espírito de São Luiz
E em Paris
Foi em Orly
Que aqui fiz
Meu debut
Sob o olhar dos senhores e das senhoras de Lisboa
O Lusitânea sobrevoa
Pilota-o outro Cabral
Num rasante vôo da Fênix
Vai adiante
E chega até Fernando de Noronha
E ao Jequitinhonha
E sonha
Com o Pantanal
Avante
Sextante ao vento cortante
No São Francisco
Foge arisco do corisco
Faz pouso de risco
Manobra radical
Vai de bico
Até a foz do Velho Chico
Daí, rever-te em Roma,
Em Veneza desci
Nas águas do canal
De Roma eu parti
Direto pro Nepal
Via Ibéria, via Gália
Pra Sibéria e Austrália
No primeiro vôo da Alitália
De uma lagoa azul
Voei pra Istambul
Num céu de anil
Cabul e Seul
Pros mares do sul
Pros céus do Brasil
Sutil
Como o bater de asa
Eu vôo para casa
De volta ao Brasil.
O Rio de Janeiro, o Corcovado
Pão de Açúcar, Urca
Da Guanabara, baía da Guanabara
Na pista, perigo à vista!
É o Rio de Janeiro, o Corcovado
Pão de Açúcar, Urca
Da Guanabara, baía da Guanabara
Santos Dumont, Galeão (Copacabana, Leblon), Tom Jobim e o Jardim de Alá, JK
Ô Brasília, ai ai
Ô Brasília, ai, ai
Bem na hora de pousar
Não tem trem para baixar
Não tem trem, não, pra baixar.
Régua e compasso
Meu caminho eu traço
Pelo céu portenho
Risco o espaço
Sobre o obelisco
Faço o desenho
Da assombrosa excursão do samba
À Casa Rosada e o Alvorada.
Me empenho pra dizer
Desenho se não der pra entender
Ratatata Tata Te
Em Madrí e Pamplona
Ratatata Tata Be
E em Barcelona
Ratatata Tata O
Tebeo em Granada, em luta armada animada
Com balas de giz, com fuzis de grafite e mais nada
Bem na hora de pousar
Esse trem não vai baixar
Mas não desanime
Anime, que eu tenho o desenho
Como na história
Extraordinária
Anime o trem (ame e anime)
E pouse bem (crime ou regime)
Trem de aterragem, não tem sabotagem (nada te oprime)
Que me turve a imagem ou minha coragem (não te reprime)
Uma vitória (nem te deprime)
Imaginária
Tempo de voar e tempo de pousar
Já cansei de andar por tudo que é lugar
Já é hora de voltar para o meu lar
Vôo à volta de Paris
Vou de volta aos meus Brasis
Faço um risco e
Um rabisco e
Vou de volta à raiz.
Ame-o ou deixe-o, abaixo o lema que não está nos meus gibis
Ame-o e anime-o, é o novo tema pra recriar o meu país
E se não tem o trem de pouso, a roda eu ouso reinventar
E nova história extraordinária vou desenhar.
Ame-o ou deixe-o
Veja, isto é o risco Brasil
Ame-o e anime-o
Risque e rabisque o Brasil
Ame-o e anime-o
O Brasil.
Pelo mundo eu vôo, eu vou
Volto assim, volto pra mim, pra quem enfim eu sou
Em tempo de horror, arma de execução
Brasil, ame-o ou deixe-o
Em tempo de amar, alma de animação
Brasil, ame-o e anime-o
Tempo de voar, tempo de horror
Tempo de pousar, tempo de amor
Execução, arma de execução
Animação, alma de animação.
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