DIZ QUE TEM é um samba-batuque (conforme especifica o rótulo da gravação original de 1940, da Odeon) escrito por Vicente Paiva e Aníbal Cruz.
Consta que esse disco (78 rpm 11902), que trazia no lado A o samba Voltei Pro Morro, e outro disco da mesma produtora (78 rpm 11913), foram feitos em resposta a protestos do público quanto a uma propalada americanização da cantora, que se apresentara com sucesso nos Estados Unidos em 1939 e, no ano seguinte, já participava de um filme produzido pela 20th Century Fox, Serenata Tropical (Down Argentine Way).
As duas canções do segundo disco eram o chorinho Disso é que eu Gosto e o samba Disseram que voltei americanizada. As quatro músicas são de autoria de Vicente Paiva e, à exceção de Diz Que Tem, as letras são de Luiz Peixoto.
Na década dos anos de 1980, refletindo sobre esse embate histórico entre nacionalismo e xenofobia (no caso, a americanização), e lembrando o tempo em que se ouvia Diz Que Tem no rádio, além de ressoar em casa pelo canto materno, a canção voltou à memória dentro de um propósito crítico de elaborar um arranjo coral. Afinal, aquilo que o público condenava na cantora, a americanização, já dava sinais marcantes de ter se disseminado amplamente pela geração seguinte daquele público que estigmatizava a cantora. Só que a condição social, política e econômica, não ensejava mais protestos ostensivos contra certa colonização cultural em curso.
O arranjo de DIZ QUE TEM estreou no dia 30 de agosto de 1986, no Teatro Municipal Brás Cubas, em Santos, no XXII Festival Música Nova de Santos, com o Madrigal Ars Viva, regido pelo Maestro Roberto Martins. O programa do Festival registrou DIZ QUE TEM como composição de Gil Nuno Vaz
sobre canção de Vicente Paiva e Aníbal Cruz, o que não corresponde ao assinalado pelo autor na partitura coral.
Programa do XXII Festival Música Nova (frente)
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