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Colóquio em Paralaxe


Duas canções cruzam melodias e letras próprias com melodias e letras de terceiros, numa articulação sonora sugerida pelo fenômeno visual da paralaxe.


A distância entre os observadores, que vai determinar o ângulo da paralaxe, é representada pela separação da poesia em duas partes, ou melhor, pela sua distribuição ao longo da melodia e de sua repetição. É a canção Eterno Além, com música de Gil Nuno Vaz sobre poesia de Clotilde Paul.


O objeto é a canção Speak Low, com música de Kurt Weill e recriação livre do tema, em português, com letra original de Gil Nuno Vaz. A letra, dividida em duas seções (a parte A da canção, e sua repetição), serve à representaçãp do objeto, segundo a visualização (ou audição) de cada observador.


E o fundo, contra o qual o fenômeno da paralaxe se faz notar, é caracterizado por um contraponto entre as melodias das duas canções, Eterno Além e Letra Muda (Speak Low), em execução apenas instrumental.




Observador A (Eterno Além da Eternidade, seção única)


Não preciso fugir para ser livre

Eterno além da eternidade

Mas não há bem que não possa ser melhor

Por isso fala-me baixinho

Liberta-me os olhos pássaros errantes


Objeto A (Speak Low, seção A)


Se o tom

Teu tom de voz

Diz num só som

Se diz que é bom

Meu tom

De voz

Se o som

É o mesmo tom

É o dom de um só tom

É a voz que nos diz

diz tudo de nós

a sós


Fundo (Fusão das duas canções, Eterno Além e Letra Muda (Speak Low), ao longo de toda a composição, apenas com sons instrumentais


Objeto B (Speak Low, seção A, ritornello final)


Se o som

Mas se o som

Macio dom

Macio tom

Não tem

E é sem

A voz

Da maciez

Que o tom dessa voz

Diga tudo de nós

Com suave mudez


Observador B (Eterno Além da Eternidade, seção única, ritornello)


Sempre em busca da alma

que já riu dentro de mim

porque não sou mais do que um sonho

entre tantos sonhos que sonhei





















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