Uma poesia (De Hiatos a Ditongos) escrita a propósito de corpos separados pela praga de 2020, passa por alguns acréscimos e alterações em 2022, é virada de ponta-cabeça e vira canção, na perspectiva mais ampla de todos os amantes que, por distanciamento forçado, imposto por circunstâncias de força maior, recorrem à linguagem para criar a imagem idealizada de um futuro novamente lado a lado.
Em tempos de quarentena, ou para cursos de EAD (Educação a Distância) pode talvez servir como ilustração circunstanciada de gramática da língua portuguesa.
BEIJO DE LÍNGUA
Que esse apartado espaço
Hiato-lasso, vazio de nós,
Traga um apertado abraço,
Ditongo-laço, cheio de nós.
Que esse desencontro lato
Hiato, doído
Traga um reencontro longo
Ditongo, doido
Conjugal afã
De um desejo à míngua
Conjuga o amanhã
Um beijo de língua
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