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Amor Antigo: uma convergência musical


Texto escrito para o livreto do CD AMOR ANTIGO, do Duo Lundum, formado pelo flautista José Simonian e o pianista Antônio Eduardo.

















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Amor Antigo: uma convergência musical.


O título deste álbum, que serve à verve irreverente e jocosa de Antonio Eduardo e José Simonian, não diz respeito apenas a um relacionamento artístico de longa data entre o músico do teclado e o dos sopros. Uma convergência que vem dos verdes anos de mútua admiração à distância até a aproximação em conjuntas atuações maduras, e que agora faz escala no porto deste registro, para usar uma imagem da qual ambos comungam.

O repertório aponta para outra acepção do título: a interlocução diferenciada que os dois estabelecem, há muito tempo, entre os campos conceituais da música popular e da música erudita, que ainda resistem apesar dos bombardeios pós-modernistas à ortodoxia das linguagens.

Em Antonio Eduardo, um espírito missionário da divulgação da música nova, experimental, isso se dá pelas influências populares das obras de Gilberto Mendes, compositor que ele pesquisa profundamente como acadêmico e se tornou, como músico, intérprete especialíssimo.

Em José Simonian, o diálogo personalíssimo vem em direção oposta: do balanço da bossa-nova e da música popular brasileira, a que se soma o gosto pela improvisação jazzística, às incursões composicionais da música erudita contemporânea, sem perder as fontes originais de sua criação. Que tem também inspiração em Gilberto Mendes, como atesta o título de uma de suas obras aqui presentes.

Muito significativo é o fato de que essa aproximação mútua, dos músicos e das linguagens musicais, acontece dentro de um processo natural de exploração das potencialidades de cada obra, sem recorrer às soluções banalizadas de revestimentos de erudição para a música popular ou adoção de estéticas digestivas para a música erudita. E, se for oportuna uma referência emblemática dessa interseção, a recriação que ambos fizeram de A Mulher e o Dragão pode preencher com propriedade esse papel.

De destaque ainda a participação de Adriana Bernardes, soprano que tem também se dedicado à interpretação da música contemporânea, conciliando expressão e técnica com graça e fluidez. E a presença de outros autores que se juntam a José Simonian, os brasileiros Gilberto Mendes, Rubens Ricciardi, Julinho Bittencourt e Glorinha Velloso, e o belga Michel Lysight.

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