
Diário de Bordo?
Pois é, tinha certeza de que você iria questionar.
Não, você ouviu certo. Diário de Bardo, sim. Diário de Aedo. Menestrel. Diário de poeta, de cantor, trovador.
Só não se sabe quem.
Encontrei num dos baús do Museu. Incrustado, minúsculo, quase invisível, num dos cantos da caixa.
Estava encriptado. Levou muito tempo para destravar. Comecei a folhear agora há pouco. Folhear!... Se é que se pode comparar...
Acho que vou precisar de ajuda. Está disposta?
Ótimo.
Sim, alguma coisa já consegui. Assim que acessei o primeiro patamar, ou dobra, sei lá, irrompeu o som de uma música. Piano. Depois, algumas palavras foram acrescentadas, cantadas. Ouça.
Todos os diários são
Ridículos
Risíveis
Tudo o que se diz no diário
É ridículo
E risível
É o que diz do diário
Quem é tão risível
Que jamais escreveu
Um diário
Ridículo
E o que não diz
Nem nunca dirá
De risível
É o vazio
Ridículo
Do que ri do diário
Parece que está aí como uma introdução, não parece?
Isso, uma epígrafe, talvez.
Uma ponta de ironia? Pode ser, também. Mas, acho que tem mais...
Só mesmo acessando outras dobras...
...
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