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Canal 2: REconstituo o que
















Fluxo das memórias que marcam territórios.



Bem, o teu segundo desafio está à frente. A chave do teu percurso ao longo do Canal 2. Tem a ver com (ou tem haver de?) alguma coisa que o Auditor-Mor disse a Nihil Ultra, em entrevista no Auditorium. Algo sobre velhos sonetos falando sobre conta e tempo. Sonetos de autoria incerta, ou de algum compartilhamento ancestral de ideias. Sem te demorar em especulações, tu simplesmente acessa o enigma.

TEMA DE ABERTURA: COMPORTA 2


Canção de raiz. Tu pensa, canção e raiz, sinônimos de origem. Ancestrais, sem dúvida. E a que ponto remontam da linhagem que retroage a um zero absolutamente relativo? Reconstituir o que há. Mas, há algo para reconstituir? O que reconstituir. Reconstituir o quê? Há?

Uma figura estilizada de árvore, as palavras escalando um imaginário tronco genealógico. Reconstituir a origem no desdobramento geométrico da genética, em bifurcações infinitas. Tu te lança na aventura do curso de sangue, entre ramos que remetem aos antepassados e ramos que prometem posfuturos. Nem poderia ser diferente. Se não, como explicar teu conhecimento prévio sobre a investigação dos auditores, Nihil e Nova, do Auditorium? Informações que te chegam, por meio dos transutentes, de um tempo que talvez corra paralelo ao teu, que talvez preceda o teu, ou mesmo que suceda o teu. Tu não entende muito bem, até hoje, a natureza da passagem que te leva de uma camada a outra, por uma simples e breve intenção, mal formulada, mais sentimento do que pensamento. Tu te vê, de repente, embaixo da ponte onde o Canal 2 passa sob a Rua Joaquim Távora. Bem ali em frente à Padaria São João, do outro lado a Beneficência Portuguesa, uma das pontas do triângulo escaleno em que se insere o teu território da Vila Belmiro. Sentado na passagem entre as colunas, rente à água. Bem perto do ponto onde o Canal 2 se entrega ao Canal 1.


Passada a perplexidade inicial, um vínculo parece emergir das águas turvas que se misturam pouco mais adiante. Emerge, da tua transição para esse ponto próximo da junção, um estreitado vínculo entre tuas reconstituições e os utensílios que tu recolhe do percurso ao longo do primeiro canal. Emerge e se instaura em teu pensamento com absoluto domínio. Até que o absoluto encare na dúvida a possibilidade do absurdo. E a presunção de outro vínculo passa a invadir tua mente. Vem não mais das águas do Canal 2 junto ao 1. Vem das águas do Canal 2 no outro extremo, já na faixa da areia da praia, em direção ao mar. Vem de um tempo da infância que tu começa a reconstituir. E que te marca com a dor de um corte. É o que te cabe, tu conclui, alcançar no trajeto ao longo deste canal. Rever, reouvir, retocar, recheirar, redegustar, repensar cada momento que possa ser reconstituído. Tua missão nesse percurso: apontar todos os lançamentos das vivências ancestrais, com saldos a transportar aos pontos mais remotos das origens e destinos.

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